sexta-feira, 17 de abril de 2009

Teste virtual -- Vw Scirocco 2.0 TSI DSG

Teste Virtual – Vw Scirocco 2.0 TSI DSG “O diabo de Palmela”

Este é aquele tipo de teste, que sinceramente, me roubam um bocado o sono no dia antes de ir buscar a viatura, o Vw Scirocco. O Scirocco, irmão gémeo falso do IROC, protótipo que lhe deu origem, ressuscita uma designação que faz parte do acervo da Vw, que no passado já foi usada num pequeno hatchback disfarçado de coupé. Tal como o seu antecessor espiritual, o Scirocco actual joga nas duas equipas, ou melhor tem características de ambos os tipos de carroçaria.
Este carro roubou-me parte do sono, porque sempre o admirei, pelo arrojo estético, e neste caso particular tem dois brindes mecânicos dos quais sou fã… O motor 2.0 TFSI 200cv e a belíssima caixa DSG 6, mas vamos iniciar o teste…

Estética

O Scirocco, é daqueles carros que dão gosto apreciar, não é bonitinho e engraçadito, é um carro do sexo masculino, sem ponta de feminilidade, aliás minto, visto de traseira alguns poderão ver algumas características femininas no desenho do Sci...
Mas eu vejo-o de forma diferente, vejo-o como um Vw Golf 3p, que começou a frequentar um ginásio, másculo e musculado, de ombros largos. Visto de frente o Scirocco parece estar zangado de olhos semicerrados a tentar intimidar o resto do parque automóvel, nota muito positiva para a nossa unidade, que vinha pintada num imaculado branco e com as espectaculares jantes 18’’ Interlagos. Enfim é o enfant térrible no alinhamento da Vw, bastante diferente de todos os outros, e mais à frente vamos perceber que não é apenas no aspecto visual.

Interiores

Ao nível dos interiores, sentimos uma atmosfera em que muito é partilhado com Golf e Eos, ou seja perdemos algo em termos de originalidade, mas cedo percebemos, que o Sci não é um carro de flores e floreados, é um carro sério e de coração algo duro, é aquela faceta de másculo a voltar a sobressair.
O sentimento de que tudo está perfeitamente montado, é omnipresente, aliás um aplauso à “Autoeuropa” pelo trabalho que se encontra de muito bom nível, não há ruídos parasitas, apenas a sensação de solidez.
A posição de condução é perfeita ajudada pelas múltiplas regulações do banco do condutor, sendo que o volante também é regulável em altura e profundidade e ambos facilitam e muito a convivência com o “diabo de Palmela”, permitindo uma posição de condução confortável, baixa e com um feeling muito desportivo, como que encaixados no carro. Notas muito positivas para o sistema RNS que equipava a nossa unidade, com ecrã táctil é muito versátil e válido, incluindo rádio, navegação e controlo sobre os elementos multimédia, bem como o tecto panorâmico que diminui a sensação de claustrofobia que se poderá apoderar dos mais sensíveis.

Condução

Bem, devo confessar que este era o ponto que mais me interessava explorar no Sci, os anteriores são mais para contextualizar o carro, mas aqui se faz a diferença, e o Scirocco pode provar se é mais um menino bonito do mercado, ou se realmente o aspecto tem algo a ver com o conteúdo…
O maior elogio que posso fazer ao Sci, é que o conteúdo e a forma como se comporta, são o espelho do que promete ao nível estético, e se olharem bem para um Scirocco, percebem o que quero dizer, especialmente nesta versão 2.0TSI, em que as capacidades ao nível prestacional são de muito bom nível.
Passando a coisas sérias, o motor é bastante solícito, e sinceramente não lhe consigo encontrar um ponto fraco, em baixos e médios regimes é pujante, sendo que em torno das 5000rpm, há ali algo que muda no Sci, e revela uma segunda vida que dá um novo empuxo à aceleração levando-nos ás 7000rpm (regime de corte) muito rápido, sendo que há que prestar atenção ás velocidades, porque o difícil é não transgredir, sem dar conta estamos a circular a velocidades bem acima do permitido por lei. Muita desta facilidade vem do facto da nossa unidade, trazer aquela pequena maravilha, a caixa DSG. Esta caixa de 6 velocidades e dupla embraiagem, é rapidíssima, e permite-nos seleccionar uma série de opções, mas em modo Sport é realmente outro carro. Outra excelente ferramenta de condução é o amortecimento regulável, e as diferenças ao nível do comportamento, são evidentes, no modo “comfort”, temos uma aproximação ao amortecimento de um Golf, no outro extremo temos o “Sport”, e aqui entramos na “zona Scirocco”, sendo que tudo muda no pisar da estrada, o carro torna-se mais dinâmico e excitante.
Há dois modos de conduzir o Sci, se formos conservadores ele alarga um pouco a trajectória na saída das curvas e é perfeitamente seguro de conduzir rápido, e depois há a forma correcta, que é agarrar o Scirocco pelo pescoço, e tentar travar mais tarde, provocar a traseira, ou seja imaginem que o Sci é um cão, se o fosse, seria um “Bull-terrier” ou um “Staffordshire”, largo e pujante, com o peso bem distribuído e os pneumáticos Pirelli Pzero Rosso na medida 235/40 18 fazem maravilhas e estão colocados bem nos extremos da carroçaria. É preciso abusar mesmo a sério para o Scirocco executar umas derivas de traseira, mas faz em perfeita segurança. A banda sonora que acompanha este bailado com o “bodyduilder de Palmela” é entusiasmante, o 2.0 TSI surge com um ronco autoritário, é mais que um ronco, é um rosnar agressivo que será bem apreciado pelos entusiastas, mas o andamento é proporcional ao ronco, não restem dúvidas acerca disso.

Veredicto

O Scirocco ganhou mais um fã, é para mim a evolução do conceito GTI para algo mais focado, menos família e mais condutor. É um carro que pelo seu posicionamento, tem vários adversários, entre os generalistas e os Premium, sendo que o Sci apresenta-se como um carro equilibrado, perfeitamente utilizável no dia-a-dia, com tanto de confortável e relaxante como de raivoso e nervoso, bastando para isso que apertemos alguns botões e tenhamos espírito para o enfrentar… Numa palavra: “Grrrrrrrrrrrrrrr”

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