quarta-feira, 8 de abril de 2009

Teste virtual -- Lancia Delta 1.4 Tjet 150

Lancia Delta 1.4 Tjet 150 “O Italiano tranquilo”

Este era um teste que aguardava com alguma expectativa, embora não seja o maior fã de carros familiares, o Lancia Delta tem sempre um cantinho especial, no coração de qualquer entusiasta auto, quer seja pelas versões mais aguerridas que já são plenamente aceites como clássicos, bem como a carreira desportiva no mundial de ralis onde ganhou seis campeonatos do mundo consecutivos, e a longevidade de ter estado em produção desde 1979 até 1994, apenas com algumas actualizações aqui e ali.
Mas o carro que trazemos aqui hoje, é bem diverso do original, não só na forma como é óbvio, mas também na missão, filosofia e conteúdo, mas não deixa de ser um carro interessante de conhecer, digo mesmo é um carro surpreendente…



Estética

Este é um campo, onde a Lancia apostou forte com o Delta, e para dizer isto de um carro italiano, é porque a estética está mesmo inspirada. É um carro que se vai conhecendo e percebendo, que não é a função que fez a forma, nem o inverso, apenas se quis fazer um carro inspirado e de certa forma clássico com a grelha Lancia em local de destaque, bem como apresenta pormenores vanguardistas como os farolins traseiros, e os deliciosos Leds que compõem os faróis diurnos.
É um carro que se assume pela diferença, e a julgar pelas cabeças que se vão virando à medida que ele passa neste campo a Lancia acertou em cheio, embora não seja do agrado de todos, de certeza que ninguém ficará indiferente ás linhas suaves e belas do Delta.



Interiores

Ao assumirmos o lugar do condutor, e assim que fechamos a porta, o som abafado com que somos brindados, praticamente isola-nos do exterior. Os bancos são amplos e confortáveis, o nosso carro de teste no nível de acabamento Platino, é um carro que gosta de ser tocado, apresenta materiais de boa qualidade no tablier com a sensação de estarmos a tocar pele, que está presente nos bancos em combinação com Alcantara, bem como no volante e travão de mão. Mas o grande choque acontece quando se abre a porta para se aceder ao banco traseiro, para sermos justos temos de considerar um sofá, eu com os meus 1.84mts de altura consigo cruzar a perna sem tocar nos bancos da frente, o banco é suficiente para 3 adultos, ainda com a possibilidade de o fazer deslizar sobre calhas longitudinalmente, escolhendo-se entre um maior nível de habitabilidade, ou uma capacidade da mala maior, que apresenta uma capacidade de 380L com o banco na posição normal. Em termos de equipamento, o nível Platino é super-completo, e o nosso carro de teste ainda apresentava o tecto Gran Luce, composto por dois tectos enormes em vidro que aumentam a qualidade de vida a bordo, através da luminosidade que permite que entre no habitáculo. Uma chamada de atenção para uma curiosidade, o assistente de condução que não só avisa que estamos a invadir outra faixa, como corrige suavemente a direcção do Delta, pondo-o nos carris de novo.



Condução

O conforto e a classe acima de tudo, este poderia ser o lema do Delta. A suspensão apresenta uma taragem suave, e propícia a andamentos calmos e relaxados, digerindo bem as irregularidades do piso sem muitos queixumes. Bem instalados nos bancos confortáveis, é um carro a saborear em família, com ausência de ruídos e apenas uma música suave em pano de fundo… A nossa unidade é um 1.4Tjet a gasolina que debita 150cv, e apresenta uma velocidade máxima de 210Kmh que atinge com facilidade sem ruídos de maior, sendo que se conseguem imprimir velocidades de cruzeiro elevadas auxiliados pelo Cruise-control e com consumos surpreendentes para o nível de performance presente, com andamentos mistos, rápidos, cidade e alguns momentos de puro relax ao volante, conseguimos uma média de 8L/100 que é muito bom para os tipos de andamento imprimidos. As únicas críticas que podemos fazer são à direcção e de certa forma à taragem de suspensões, no segundo caso, é um defeito que advém de uma virtude que o Delta apresenta, que é o conforto, mas em estradas sinuosas é algo incomodativo o balancear da carroçaria. Já a direcção apresenta-se algo filtrada e leve, talvez até demais por vezes peca por não informar do que se passa de facto com as rodas da frente. Mas nos opcionais do Delta há uma resposta para estes dois defeitos, é a suspensão activa, com um custo próximo dos 800€ será uma ferramenta útil para os chefes de família que apreciam uma condução mais despachada!

Veredicto

O Delta é um familiar hatchback, confortável, despachado, espaçoso e o feel-good factor está em grande, porque sente-se que foi feito para agradar o proprietário. Esta motorização Tjet cumpre e tem tempo até para surpreender com muita raça e força, embora se se tentar explorar a fundo, os consumos sobem em igual proporção ao gozo que se extrai da condução. É um carro honesto, que fará a delícia dos saudosistas da velha Lancia, mas de olhos postos no futuro… E caro leitor por cerca de 23000€ na versão base, passa a ter: “ O poder para ser diferente”!

Sem comentários: