segunda-feira, 1 de junho de 2009

Teste Virtual – Mercedes C250 CDI Blueefficiency Prime Edition




Mercedes C250 CDI Blueefficiency Prime Edition “O monstro da eficiência”

O Mercedes C250 CDI tem todos os olhares do mercado sobre si. E as características técnicas do modelo podem levar a inúmeras classificações. Eu até nem sou daqueles obcecados por fichas técnicas, mas neste caso vale a pena ser um pouco. Motor 2.1 litros diesel, 2 turbos sequenciais e sistema common rail de última geração com injectores piezo-eléctricos. Isto tudo traduzido em miúdos quer dizer que temos todos os ingredientes para ter uma bomba atómica debaixo do capot, e os números produzidos acabam por confirmar os nossos “receios”, 204cv de potência ás 4200rpm e 500Nm de binário máximo entre as 1500/1800rpm, este último valor então é suficiente para fazer um carro subir paredes!
Este motor apenas tem um rival na classe dos 2L o “23d” da BMW, que se equivale em todos os números excepto no binário em que o Mercedes tem um valor imbatível.
Mas e se eu disser que este motor não é o que parece!?
Pois, o nome Blueefficiency na Mercedes serve para designar isso mesmo, versões de consumo e emissões reduzidas…
Mas será que um 2L biturbo, com mais de 200cv serve para este fim!?
Enfim são muitas perguntas, mas vou-me esforçar por responder a todas, porque realmente é um conceito diferente, 2 turbos, potência e binário referenciais e uma preocupação ambiental, parecem conceitos contraditórios, mas no final fazemos as contas…


Estética

Para mim o classe C actual, é em termos estéticos o melhor esforço de sempre da Mercedes neste modelo, mas de longe. Se a versão “Elegance” segue as duas gerações da C-Klasse de perto, a versão “Avantgarde”, (a que mais me encanta) tem um ar mais de acordo com o que procuro num automóvel. A imponente grelha com a mítica estrela de três pontas embutida, fazem toda a diferença dando um ar mais desportivo e ameaçador ao C, e apenas este pormenor faz logo parecer que a versão que tem a estrela na grelha é a versão do DTM do mais clássico.

De facto o W204, tem o maior protagonismo estético na frente, faróis de grandes dimensões, frente larga e imponente, sendo que ao ver esta frente a aproximar-se do nosso espelho a alta velocidade, o C parece dizer “sai da frente!” enquanto o “Elegance” diria algo do género “importa-se de me deixar ultrapassar, se for possível!?”. E isto é a diferença que uma simples estrela faz, quer em temos de tamanho e localização! Mas continuando a análise, o dinamismo deste carro em termos estéticos é superior ao de qualquer um dos predecessores, sente-se uma intenção de agradar aos clientes que querem algo mais desportivo não tão clássico, e a visão a ¾ de traseira indica isto mesmo, parece haver um movimento da traseira em direcção à frente, sendo que esta última parece estar num plano mais baixo e a nervura lateral amplia esta sensação. A traseira não é feia, mas assume um ar mais sério no pacote de design.
Resumindo é um passo em frente para a Classe C, pessoalmente adoro a presença deste carro, a veia desportiva e de certa forma clássica, rústica e techno ou seja o C começa a entrar no território dos adversários.



Interiores

Em termos de interiores este Mercedes é um carro simples de assimilar. Sendo que depois de o conduzir pela primeira vez, por cerca de 20 minutos, ao abandonar o lugar de condutor, já sabia de cor todos os botões e onde se encontram geograficamente, não é um carro complicado, e o sistema de comando, retira muitos botões que deixam de fazer falta na consola, e podemos aceder a menus e submenus de forma simples e intuitiva. Também o volante tem comandos para aceder a várias opções de configuração do C, em termos de CB e várias funcionalidades passíveis de configurar em termos de conforto, áudio, comunicação, etc.

A qualidade e refinamento encontram-se em todos os recantos deste carro, em todos os pormenores, à partida fiquei algo desiludido pelo ambiente ser algo sombrio e frio, mas depois de começar a tocar os materiais e em andamento admirar como é tão perfeito este carro, os primeiros sorrisos começam a surgir, para não mais parar. Não há nenhum pormenor que não nos agrade em termos de concepção. Os bancos são duramente perfeitos, com regulações eléctricas amplas, o volante está perfeitamente alinhado com o banco, sendo que a posição perfeita de condução é fácil de conseguir.
O espaço é mais que suficiente para 4 adultos, o banco traseiro é bastante confortável e o isolamento de ruídos do exterior é perfeito, enfim, só aquele bater de porta diz tudo, repeti-o vezes sem conta confesso!
O motor faz-se ouvir e sentir pelas vibrações que emite e transmite, mas nunca chegam a ser incomodativas, mas o ruído apenas se faz sentir em regimes mais altos, em andamento citadino.

Em termos de equipamento, o Prime Edition traz muitos brinquedos, não iremos sentir falta de nada, e se quisermos extras virtualmente não há limites ao que pode ser incluído neste carro quer dizer o único limite será o da nossa carteira.
Ao nível de cores este Prime Edition pode ser escolhido, em Preto, dois tons de cinza e existe ainda a possibilidade da cor branca, qualquer uma das cores assenta que nem uma luva no C, e as jantes de 18’’ que equipavam a nossa unidade, em formato de estrela com raios duplos são realmente belas…
Conforto, requinte e perfeição é tudo o que guardo da convivência com os interiores do C.


Condução

Este é um capítulo ambíguo e sinceramente difícil de escrever. Isto porque realmente, aquela possível confusão a que podem levar os números é real. O C250 CDI tem uma dupla personalidade bem vincada, tanto é capaz de se bater com os melhores da classe ao nível dos consumos/emissões, como também o faz com os melhores ao nível da performance. Os 7 segundos dos 0-100 e os 250Kmh de velocidade máxima fazem-no bater-se com modelos da classe 2.5 a 2.7L e em termos de consumos os valores entre os 5/6L 100Kms fazem-no ser capaz de igualar alguns modelos da classe 1.6L. E o mais interessante é que facilmente comprovamos estes números todos.
O C250 pelo binário que apresenta, leva-nos a ter de quase reaprender a conduzir, porque se muitos carros diesel obrigam a ter de rodar num regime próximo das 2000rpm, este CDI aconselha-nos um regime próximo das 1500rpm, damos por nós várias vezes a rodar em cidade em 3ª/4ª velocidade sem qualquer problema, isto seguindo as indicações do próprio carro. Depois de arrancarmos de um semáforo, passado 2 metros ele já recomenda a 2ª velocidade e assim sucessivamente até 4ª/5ª isto sempre próximo das 1500rpm, onde surgem os 500Nm e se fizermos o exercício de largar o acelerador neste regime, o C250 continua a circular como se nada fosse, realmente o binário colossal serve para alguma coisa.

Nunca temos de pisar a fundo ou “meter uma abaixo” para ter resposta, e o motor acaba por ser tão linear que engana e muito, mas na verdade a dupla sobrealimentação tem esta virtude, como temos dois turbos a cobrir virtualmente toda a faixa de utilização, não há nenhum “kick”, apenas uma força que se sente a empurrar-nos desde as 1500 até ao regime de corte, muitos podem confundir isto com alguma lentidão, mas basta olhar para o velocímetro e as dúvidas acabam-se, mas diga-se de passagem que as relações de caixa seleccionadas não são as mais adequadas para os “sprinters”, mas sim para os corredores de fundo, sendo longas ajudam a manter o motor naquela faixa 1500/2000rpm onde se fazem os consumos que nos fazem ficar de queixo caído.
E o vício da questão surge aqui, usar os 204cv, ou usar o binário no seu regime mais favorável e adoptar a condução amiga do ambiente?
É melhor usar as duas!
O Classe C nesta configuração dá a primazia ao conforto, não tem aquele nervosismo latente que alguns concorrentes transmitem, que se podem tornar cansativos para alguns, aqui não há esse vício, é um carro confortável e sereno. O Prime Edition equipado com jantes de 18’’ transmite confiança, tem um bom nível de aderência que nos permite fazer as curvas a alta velocidade com confiança e relaxamento total, há algum rolamento de carroçaria, mas é este mesmo rolamento que nos diz que quando chegarmos aos pisos mais degradados, não iremos sofrer muito.
E surge a velha questão da tracção traseira, bem, aqui temos um tracção traseira que prefere a eficácia e a segurança, o ESP não dá grande margem para brincadeiras, mas se realmente quisermos meter o C250 a fazer figuras artísticas, é possível, mas só por breves instantes, o sempre vigilante ESP acaba por colocar tudo nos eixos de novo, mas sair depressa em curvas mais apertadas em 3ª velocidade sem respeitar os 204cv, resulta sempre em duas coisas: primeiro surge uma ligeira subviragem, para depois dar lugar à sobreviragem típica dos tracção traseira, mas sempre em doses reduzidas.

Veredicto

O monstro da eficiência, tal como é percepcionado pela Mercedes. Ainda custa a acreditar que um biturbo com este nível de potência e binário faz estes consumos a rondar os 5/6L, mas faz. Não é o dragster que se esperaria, mas sim aquele carro que usa o combustível como se de ouro se tratasse, não desperdiçando nada, tal como o título Blueefficiency faria adivinhar.
Um motor linear como poucos, mais parecendo um motor gasolina de alta cilindrada que um diesel biturbo, é realmente um motor impressionante quer pelo poder que apresenta, o desprezo pelas subidas e a forma como desafia todos os outros que lhe surgem pela frente, sendo que tem aquela qualidade de tornar as rectas mais curtas, e leva-nos a reavaliar as distâncias. E para tornar isto ainda mais complexo, novamente os consumos que mesmo abusando para lá do razoável nunca se aproximaram nem dos 9Litros.

O preço do Prime Edition ronda os 52000€, será que é caro?
Nem pensar, se formos procurar um carro no mesmo segmento com performance semelhante percebemos como este C é um bom negócio, e até ver sem rivais.
Com este “esforço” a Mercedes arrisca-se a fazer este seu modelo tomar parte na definição que consta no dicionário, bem à frente da palavra eficiência.

Sem comentários: