quinta-feira, 25 de junho de 2009

Teste virtual – Vw Passat CC TDI 170 DSG


Vw Passat CC TDI 170 DSG – “No reino das nuvens”

A indústria automóvel é fértil em casos de inovação e flop. Aliás a linha que separa o sucesso do flop, bem como do génio da imbecilidade é muito ténue. E por isso por vezes há conceitos que não são bem percebidos e assimilados, e carros que nos levam a pensar: “Porque é que ninguém se lembrou disto antes?” leva a que modelos que têm tudo para ter sucesso, a terem uma carreira discreta e quase votada ao anonimato.
Isto tudo para perceber, que o carro que testámos não inaugura nenhum segmento, aliás de certa forma democratiza o acesso ao Coupé de 4 portas… Coupé de 4 portas!?... Sim, para muitos é um sacrilégio, utilizar o termo Coupé quando se referem a um carro com mais de duas portas, embora tenha todos os outros requisitos necessários para se poder chamar de Coupé. Eu era um dos tais que achava que isto era uma jogada de marketing, mas mais uma vez as coisas dão muitas voltas, e agora percebo este conceito de outra forma, se é a correcta não sei dizer, mas para mim é a que faz mais sentido. Mas como dizia, o Passat CC vem trazer “às massas” o belo conceito criado pelo Mercedes CLS, o tal Coupé4, e vendo primeiro quer pelo preço, depois pelos argumentos que descobri, é estranho não ver mais carros destes a rolar nas nossas estradas.

Sombras e reflexos

O Passat Coupé é um carro belo, a primeira aproximação que fiz ao carro, arranca-me logo um sorriso fácil. De certa forma, o tamanho enorme, a largura imponente e a pouca altura da carroçaria, resultam num desenho harmonioso e fluido sendo que se reconhece facilmente como um Vw, mas há aqui algo de fresco, a mim faz-me lembrar uma espada, comprido, largo e com umas jantes enormes e com uma bela distância entre eixos. Colocando lado a lado com o seu irmão Passat 5 lugares, o Coupé tem encanto, e umas linhas algo dinâmicas e com vida, sem dúvida é um belo exercício de estilo.
A frente tem muita presença, tem ares de Phaeton a sorrir, com os faróis bem afastados, a grelha cromada de dimensões avantajadas, e um capot alto e largo com duas nervuras que dão um toque de agressividade, o spoiler é bem conseguido e exibe umas entradas de ar, que acentuam o tal ar de carro sério. O perfil é muito suave e sem quebras, fazendo lembrar uma onda que se desloca da frente do Passat para a traseira, a pouca superfície vidrada, dá-lhe um ar bastante robusto, e os vidros sem moldura dão-lhe mais charme, assumindo mais uma característica bastante difundida nos Coupés comuns de duas portas.
A zona traseira é que pode levantar algumas dúvidas, os farolins são originais, e diferenciam-se bastante do gémeo falso do CC, embora levem tempo a assimilar, assim que ultrapassamos este pormenor, podemos apreciar a zona onde o tejadilho se une à traseira, e reparar no pormenor, de como a zona inferior dos vidros laterais cria uma linha que vai subindo até interceptar a linha descendente do tejadilho num plano bem mais elevado que a frente, e a forma suave como o tejadilho e a lateral se fundem com a traseira. E para rematar o conjunto, o bico de pato sobre a mala, acrescenta um toque de dinamismo a este conjunto bastante original na forma.

Bem-vindos ao voo CC

O tablier e os comandos, são partilhados com o irmão 5 lugares, ou seja se disser que a qualidade é excelente e a ergonomia referencial, é como chover no molhado, mas é a realidade. Os bancos de desenho desportivo, são bastante acolhedores, e a versão ensaiada, trás regulações eléctricas de série, é bastante fácil conseguir a posição de condução perfeita, quer pelas amplitudes bem como pela quantidade de itens que podem ser regulados sublinhe-se o volante regulável em altura e profundidade.

Mas a grande diferença do CC surge dos bancos da frente para trás. Devido à distância entre eixos enorme, os lugares traseiros levam dois adultos em primeira classe, sinceramente para mim faz mais sentido este tipo de arranjo 2+2, sendo que se ficam com dois verdadeiros lugares na traseira, num plano mais elevado. Não havendo a possibilidade de um terceiro passageiro atrás, podem-se maximizar as potencialidades para os dois ocupantes traseiros, com uma quantidade assinalável de mordomias, como os espaços de arrumação entre os dois bancos, bem como pelo apoio de braços enorme. Ou seja temos quatro verdadeiras poltronas, com uma quantidade de espaço muito boa, embora o nível de luminosidade permitido engane um pouco neste particular, e a sensação de estarmos num coupé apodera-se de nós com facilidade.
A mala é uma surpresa daquelas, sinceramente nunca tinha visto uma mala tão grande num carro de quatro portas, leva as bagagens de quatro pessoas para um fim-de-semana, mesmo que sejam quatro mulheres!

Srs. passageiros apertem os cintos


O meu primeiro choque como condutor do CC, vem do tamanho, embora tudo seja fácil e intuitivo neste carro, o tamanho do CC impõe respeito, as primeiras manobras são feitas com grande tolerância em termos de espaço e os sensores de estacionamento tornam-se nos nossos melhores amigos.
Os primeiros metros são feitos com muita confiança, é o sentimento que este carro transmite, de estarmos a conduzir um coupé-GT francês… Francês!? Isso mesmo, o CC tem um pisar confiante e muito confortável, a tónica no confortável, a maneira como ele processa as irregularidades é diabólica. O nosso carro vinha com a suspensão regulável, a diferença do Confort para o Sport é mesmo a diferença dos dois substantivos. O Confort é o modo mais suave, é como se tivéssemos a ser transportados num colchão de água, em que as irregularidades balouçam um pouco a carroçaria, mas nada se sente… O modo Sport é o colchão de molas ortopédico, embora consiga ser mesmo neste modo, mais confortável que uma grande parte das propostas do segmento.


Em estradas sinuosas, a única limitação do Passat CC é mesmo o tamanho e peso, visto a direcção até ser boa e a caixa DSG6 manter os mesmos predicados que temos visto noutras viaturas, é de uma rapidez e inteligência notáveis. Em AE o CC está em casa, e devora os quilómetros como se de um tapete voador se tratasse, a suspensão tem um bom compromisso, conforto/performance, mas o factor TDI 170 também faz parte dos pontos positivos. Este motor CR, é silencioso e a partir das 1500/2000 já começa a responder de forma decidida sendo que se torna um desperdício levá-lo muito além das 4400rpm, mas é assinalável a força e o vigor, mas acima de tudo a linearidade que os motores injector-bomba nunca tiveram. Em ritmos normais é difícil gastar mais do que 7L/100, se nos concentrar-mos a sério é possível gastar abaixo dos 6, sem problemas.
Nota positiva, para o Kick-down em 5ª abaixo dos 100kmh, simplesmente cola os quatro ocupantes aos seus respectivos lugares.

Veredicto
O Coupé de quatro portas… Sinceramente, eu tive de vender o meu Fiat Coupé por não ter a versatilidade das quatro portas. De certa forma, este CC vem eliminar a maior pecha dos Coupés, a acessibilidade, ou seja podemos ter o Coupé e defendê-lo como opção racional com a maior das facilidades.
Também há outra forma de o ver, o “less is more”, passamos a ter menos um lugar, uma acessibilidade mais acanhada aos lugares traseiros em relação ao Passat comum, e tudo isto por um preço mais elevado, mas por mim vale bem a pena. Este CC consegue acrescentar ao Passat já de si um belo modelo, aquela ponta de irreverência e originalidade, que muitas vezes apela ao lado passional da compra, assumindo mais uns gramas de status em relação ao seu irmão.
O Coupé Camaleão, é o carro que compramos dizendo à nossa esposa ou ao responsável da frota da empresa, que é uma berlina de 4 portas, e depois chegamos junto dos nossos amigos, orgulhosamente dizendo que temos um Coupé!

Para quem não precisa de mais do que quatro lugares, e quer um carro de certa forma exclusivo e um viajante nato, este permite rolar como se tivéssemos a conduzir entre as nuvens, pela qualidade do seu pisar… Uma opção a ter em conta…

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