segunda-feira, 8 de junho de 2009

Teste Virtual – Fiat Bravo 1.9 150 Multijet Sport

Fiat Bravo 1.9 150 Multijet Sport – “O Bravo do pelotão

A Fiat é uma das marcas com mais pergaminhos, nos segmentos com os carros mais compactos. Carros como o 500, 600, 126, 127, Ritmo, Uno, Panda, Tipo entre outros representam um legado enorme a defender. Muitos deles carros do ano, “best-sellers” enfim carros com história, o 500 então foi tão importante que até mereceu um remake.
Mas aqui e para o carro de teste o que interessa mesmo é o Fiat Tipo, e porquê?
Porque para mim representa um dos melhores segmento C da Fiat pelo menos considerando as últimas tentativas.
O Bravo original, seria um carro muito inovador ao nível estilístico, mas de resto ficava muito longe das referências da altura, em termos de qualidade e conteúdo.
O Stilo era um carro algo sensaborão, e uma fuga ao que é ser um carro italiano, e principalmente não tinha algo que eu aprecio nas criações transalpinas, que é a personalidade e carácter.
E chegamos ao “novo Bravo”, será que a Fiat retomou os velhos hábitos de fazer, carros interessantes e diferentes?
O carro já tem cerca de 2 anos de mercado, é um produto de certa forma maduro e já é facilmente reconhecido. O motor que testamos faz parte da família Multijet, embora esteja quase a ser substituído, é um motor que vai-me ter de convencer que ainda vale a pena passar um cheque, para comprar um Bravo com este motor…


Estética

Partindo de um Grande Punto, que tem muita qualidade ao nível estilístico, a Fiat fez um Bravo com sentido. Explicando melhor, o Bravo representa o cruzamento entre a personalidade italiana, e ao mesmo tempo transmitindo uma solidez germânica. As linhas são leves, e harmoniosas, tendo um perfil tipo coupé, se calhar coupé não será o melhor termo, mas há uma intenção desportiva nas linhas do Bravo, um certo arrojo, mas o mais importante era ser reconhecido como um Fiat, e ainda mais importante era ter uma identidade própria, para mim prova superada!


A nossa unidade tem o acabamento Sport, e vem num delicioso “vermelho maranello”, um tom escuro e metálico, que combina lindamente com as jantes de liga de 17’’ que são de série na versão de teste, as jantes apresentam dois tons, que acentuam o aspecto desportivo do Bravo, bem como as pinças dos travões pintadas de vermelho, só sublinham a veia Sport do Bravo.
A traseira mais elevada que a frente acaba por dar a sensação de se encontrar em posição de ataque, e a largura dá um ar de poder que só lhe fica bem, as saias laterais sublinham esta sensação de largura.
Enfim tudo isto para dizer que ao nível do segmento C o Bravo, joga na equipa dos belos e bem conseguidos.

Interiores

Assim que assumimos o posto de condução, começamos a descobrir os tais pormenores Sport, que diferenciam esta versão. Volante de três braços em pele com pespontos vermelhos, pedais em alumínio, novamente os pespontos vermelhos no travão de mão, e os pormenores vermelhos, nos bancos e forras das portas que não são ostensivos, bem pelo contrário, acabam por variar com a luz… Um pormenor engraçado.



O tablier, tem um desenho já conhecido do Delta com que já tivemos contacto, o material que imita a fibra de carbono é tecido, tal como já experimentamos no Alfa Mito e é de belo efeito, assim como o preto piano que compõe a consola central. Numa zona inferior temos a “entrada USB” para utilizarmos os “nossos utensílios de armazenamento musical”, um pouco mais acima o ar condicionado automático bi-zona, sendo que a zona superior é ocupada pelos comandos do rádio, e respectivo display, assim como alguns comandos secundários de apoio à condução. É um tablier “bem arrumadinho”, com materiais de qualidade pelo menos ao toque, apenas um outro bug na montagem, mas nada de muito grave. A imagem transmitida e percepcionada, é de que houve uma evolução grande, do Stilo para o Bravo, sendo que o Bravo não é referência neste ponto, mas também não desilude.
Os bancos à frente são muito bons e confortáveis, tendo bom suporte lateral e lombar, sem críticas ao nível do espaço. O mesmo não pode ser dito atrás, aqui sentimos saudades do Delta, se os ocupantes do banco traseiro do Bravo forem de estatura elevada, vão-se sentir um pouco apertados, mas nada demais, apenas será necessária alguma colaboração dos passageiros da frente e a vida a bordo já melhora de qualidade!


A mala tem uma boa capacidade, e em termos de acessibilidade também não haverá motivos para reclamações, como carro familiar que é, o Bravo tem espaço para as compras do mês, ou para a bagagem para a família.
A impressão com que fiquei da convivência com os interiores do Bravo, foi de que tem um perfume italiano e um rigor a anos-luz do que a Fiat fazia, leia-se melhoraram a olhos vistos! Apenas o espaço atrás pode merecer algumas críticas, mas compensa bem com o espaço na mala.


Condução

Desde os primeiro quilómetros que engracei logo com o Bravo. Confesso que assim que o vi parado, disse-lhe: “Vou gostar de ti, dê por onde der!”
E na verdade nem foi preciso muito esforço.
Começando pelo ponto negativo, e aqui não há novidades, a direcção assistida é leve demais, senti falta do botão Sport para torná-la mais pesada e comunicativa.
Os travões são bons, cumprem bem a sua missão de parar o Fiat, a embraiagem tem o peso correcto, e não é nada exigente. Gostei muito de manusear a caixa de 6 velocidades presente na nossa unidade, é precisa, não é lenta e sentimos que estamos a manusear algo mecânico, mas sem ser em demasia.
O motor 1.9 de 150cv, ora bem, tem menos binário que o 1600 do Mito, mas isso não é mau, aliás aqui optou-se pelo caminho da linearidade de resposta, não havendo “kicks” nem vícios, embora se sinta um aumento de reposta por volta das 1800rpm, o Multijet não é violento, sentimos um aumento de cadência na resposta, as costas a serem ligeiramente empurradas para trás, mas não é uma enxurrada de binário, mas sim o tal acréscimo de resposta, bem agradável por sinal. Se mantivermos o motor acima das 2000rpm, temos sempre resposta para tudo o que queremos, seja velocidade ou a ultrapassar o Mjet responde.



O comportamento em si é bastante saudável, nota-se a rigidez da suspensão e as 17 polegadas das jantes, o Bravo é bastante informativo, mas não é desconfortável, é antes de mais engraçado e divertido e de certa forma envolvente, a tal questão do carácter e da personalidade que estão presentes mas sem ser em demasia, é mais na medida certa para um segmento C com um pouco mais de sangue na guelra.
Este Bravo é acima de tudo um carro despachado e honesto, por vezes com capacidade de nos surpreender, mas com aquele espírito Fiat, de ter um grande coração e por vezes leva-nos a usá-lo um pouco para lá do seu objectivo principal…


Veredicto

Sim, ainda vale a pena comprar o Bravo com o Multijet 1.9 de 150cv, este motor não desilude em nenhuma situação. Consumos na casa dos 6L/100, facilidade em colocar o Bravo em velocidades bem elevadas, e um ruído de funcionamento comedido.
O Bravo é bonito, bem conseguido, possui argumentos mecânicos, e consegue dar aquele algo mais tornando-o bem engraçado de conduzir, tem algum condimento, não é piripiri, mas um suave toque a pimenta.
Desde o Alfa 147 que não me sentia tão impressionado por um italiano destas dimensões, é a Fiat a voltar aos velhos tempos, já colocou a Alfa na linha e desde o Panda, Grande Punto e 500, que demonstra que aprendeu com os erros do passado.
Ou seja carros dinâmicos, com resposta, e acima de tudo com argumentos mecânicos e técnicos, e já agora com uma estética convincentemente latina, e com um preço a rondar os 29/30 mil€ consegue ser dos mais baratos, com este nível de potência/cilindrada.
Enfim, o Tipo pode descansar em paz!

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