sexta-feira, 19 de junho de 2009

Teste virtual – Mercedes SLK 200 Kompressor


Mercedes SLK 200 Kompressor – “Roadster light”

Como bom motorhead que sou, a paixão por grandes mecânicas, carros raçudos e com comportamentos viciantes e viciosos, é algo que sempre fez parte de mim e da minha maneira de encarar os automóveis. Sempre tive carros que de uma forma ou de outra representam esta maneira de estar na vida, mas com o passar do tempo, assumo que tenho vindo a ficar mais brando, mas mesmo assim bem mais “acelerado” que 99% dos condutores nacionais.
Ora os roadsters, fazem parte do imaginário de quase toda a gente, carros pequenos, bem motorizados, e sendo que uma grande faixa deste segmento, tem uma apetência pelo desporto evidente, para além da condição que proporcionam de poder rolar sem tejadilho, ao sabor dos elementos.
Assumo sem preconceitos, que tenho uma predilecção por Roadsters, e alguns dos meus carros preferidos de sempre são deste segmento: Mazda MX5, Honda S2000, Jaguar E-type, Mercedes SL e os Ferrari F355 e F430 Spider.
Uma coisa tenho de confessar o SLK sempre fez parte de uma pequena franja que sempre me foi indiferente, nos meus contactos sempre teve aquela imagem de carro de passeio, muito macio e mole, sem ponta de desportividade, sendo visto em alguns quadrantes como carro de cabeleireira, mas depois de passar uma curta semana com ele, muita coisa mudou…

Estética


O meu primeiro contacto com o SLK, foi em 94’. Era um SLK-study (na velha FIL), simplesmente fiquei apaixonado pela estética do carro. É um daqueles protótipos que a Merc tira da cartola de tempos a tempos, com pormenores lindos, e que nos levam logo a meter a mão no bolso à procura de dinheiro para o comprar! Na realidade, o modelo que saiu, o primeiro, não se comparava com o Study, mas mesmo assim era dos mais bonitos e diferentes da altura, pelo menos no seio Mercedes, era o mais irreverente e high-tech, ao nível estético, e em termos de interiores era um sonho.
O novo SLK, não se assume como tão diferente como o primeiro, aliás julgo que (e bem) a Mercedes foi buscar muitos dos elementos tanto do SLR como do SL para compor este roadster, e resultam bem, porque tanto o SLR como o SL são daqueles carros que não deixam dúvidas em relação ao apelo que causam em toda a gente, por isso andar num “baby-SL-SLR” nunca seria nada de mau!
O SLK conta com umas alterações, um mini-facelift, o “nariz-SLR” tornou-se mais proeminente, o spoiler frontal assume um formato em V, e os farolins traseiros são fumados tal como no SLK AMG. No cômputo geral, o SLK continua com presença e charme. Baixo, largo e com o seu capot comprido, o SLK pai de todos os CC, mantém uma elegância que nem todos parecem conseguir nos seus CC, alguns parecem ter uma capota/traseira enxertada, mas o SLK já nasceu assim, e digo-vos o funcionamento do CC é algo que ainda faz parar meia dúzia de pessoas para ver o show de striptease do baby-Merc.
A reter, a dupla saída de escape rectangular e a traseira com um ar mais imponente.

Interiores

Ao contrário do primeiro, o novo SLK assume a sobriedade como pedra de toque. Onde o primeiro tinha fundos de manómetros brancos, revestimentos vermelhos, azuis, imitação de fibra de carbono, o novo simplificou tudo. O preto tomou conta dos interiores e principalmente do tablier, sempre tem um ar mais másculo.
Ao sentar-me no posto do condutor, deixo cair o meu 1.82mts de altura para dentro do carro, e parecia estar a cair para dentro de um poço, o SLK tem uma posição de condução bem baixinha. Sem exagerar, na minha configuração da posição de condução, devo estar a dois palmos do alcatrão! Os bancos são excelentes, têm um ar de baquet refinada, mantêm-nos bem aconchegados e fixos, e o espaço entre o túnel de transmissão e porta, ajuda-nos a sentir que estamos num roadster, porque vamos como que enterrados dentro do carro, como que fazendo parte dele, não restem dúvidas é uma posição próxima da perfeição.
Todos os revestimentos são bons ao toque, em termos de aspecto visual vejo algumas semelhanças com o Classe-C, a ergonomia é boa, mas num roadster isto tudo é secundário, ou pelo menos deveria ser, mas a Mercedes como já darei a minha opinião sempre teve uma maneira diferente de ver este fenómeno.
A mala tem box para bagagens, na posição Coupé, é suficiente para um fim-de-semana a dois, em baixo ou seja na posição Cabrio, cabem as comprinhas da semana e o saco do ginásio.
Em termos de interiores, não são muito vistosos como na primeira série, mas têm mais qualidade.
Na configuração Coupé, os ruídos não existem, e mesmo o ruído de motor não é muito audível, é como se fôssemos dentro de uma embalagem Tupperware com fecho hermético, mas quando tiramos a tampa…

Condução


Bolas! Não é que o SLK é divertido de conduzir!
É engraçado como os meus preconceitos, em relação a este carro foram sendo abatidos um a um. Tudo bem, ainda há uma ou outra coisa que adormece o prazer puro e duro, mas todas elas são passíveis de alteração no catálogo de extras. Uma das coisas foi a direcção, é precisa, mas algo filtrada e lenta, mas para isso há a direcção directa que a Mercedes disponibiliza como extra. De resto a experiência de explorar o pequeno roadster, é de nos deixar de sorriso rasgado. O carro é muito composto, e dá uma sensação de solidez e de ser à prova de idiotas, é como estar no trapézio, mas sempre com várias redes por baixo de nós, aliás nos Mercedes a segurança é algo que é levado muito a sério, por exemplo o ESP nunca se desliga completamente. Num roadster de 1.8L com compressor, cerca de 180cv, e tracção traseira, são sempre possíveis uns números de malabarismo com a traseira, mas nunca com ângulos complicados.


O Slk leva-nos a adoptar aquela toada de rapidez e eficácia, sendo que só haverão surpresas por culpa nossa, ele é sempre um menino composto e bem comportado, mas acredito que com uns pneus de perfil mais baixo e uma suspensão desportiva, e juntando a direcção directa, se torne noutro animal.
O 1.8 compressor, não impressiona em demasia, é dócil e fácil de levar. Até ás 3000rpm não acontece muita coisa, mas daí em diante o efeito Kompressor faz-se notar, quer pelo ruído como pelo aumento na aceleração, porque o 200, entrega uns números engraçados, mas de certa forma a competência como carro, adormece parte da experiência, ás vezes ser bem construído tem destas coisas.
Uma nota especial pelo uivo produzido por ele, em modo topless é só por si um ponto a favor nesta busca do prazer a céu aberto. A juntar a isto, a sensação de estar a conduzir um desportivo é omnipresente, a velocidade que ele gera, bem como a forma segura e decidida como muda de direcção… Enfim um passo de gigante em comparação com o primeiro.

Veredicto



Pois é, já entreguei os pontos, para mim o SLK deu um passo em relação aos roadsters desportivos do segmento, mas não se aproximou demasiado destes. Os clientes Mercedes não são tão aguerridos, como os restantes compradores do segmento. De certa forma o ponto de vista correcto, será vê-lo como um “baby-SL”, alguma desportividade, mas acima de tudo ele é amigo do dono, e não se coíbe de andar no dia-a-dia sem dar cabo das costas de ninguém. Está mais duro, e é um “entertainer” mais capaz, mas não é um malabarista.
É um roadster maduro, um facilitador de emoções que dificilmente morderá o dono, a não ser que este o queira, e mesmo assim…

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