quarta-feira, 22 de julho de 2009

Teste-Virtual – Renault Twingo RS (Chassis Cup)


Renault Twingo RS (Chassis Cup) – “Fofinho, eu!?”

O Renault Twingo da geração anterior, nunca teve nenhuma pretensão, para além de ser competente, inovador, modular, pacato e pacífico. Quando soube em meados do ano passado, que a Renault Sport dos confins de Dieppe iria “mexer” no fofinho Twingo e torná-lo num pequeno desportivo, algo em mim sorriu.
À medida que foram surgindo dados, o peso a rondar a tonelada, um motor de 1600cc atmosférico com 133cv às 7000rpm, caixa de 5 velocidades, percebi perfeitamente o que viria aí. Pelo menos entendi o que as especificações me diziam, que iríamos voltar atrás no tempo, e teríamos uma interpretação actual dos pequenos desportivos do calibre de um: 106 GTI, Saxo Cup, 106 Rally, entre outros, ao invés das últimas interpretações amansadas como o 206 1.6GTI e Clio 1.6 16v.
Agora resta saber o que vale na estrada e o que transmite este Twingo RS (cup).

Olhem para mim!
É o que o Twingo RS parece gritar a plenos pulmões! Honestamente, não sou grande fã do desenho do Twingo normal, mas este depois do tratamento RS Cup já consegue merecer o segundo olhar. O Twingo tem presente toda a originalidade Renault, os alargamentos e jantes de 17’’ dão-lhe aquele ar mais “R”, mais perigoso e sério, enfim perde aquele ar de meu pequeno pónei e assume-se como um poldro sério. O único ponto que não melhorou com o dedo da RS foi mesmo a traseira, há algo ali que não resulta em pleno, parece que é direita demais e demasiado quadrada, mas lá está não há-de ser por aqui que lhe daremos nota negativa, bem longe disso.
Este Twingo/RS pode bem ser um dos poucos adversários do Fiat 500/Abarth 500 pelo menos na vida real, embora no campo estético poucos possam fazer frente ao 500 pela beleza, mas no campo da irreverência o Twingo e especialmente o RS tem a sua presença.
Nota positiva, para o ar de “Matchbox Racer”, isto só para quem aprecia o género, para muita gente poderá parecer um Twingo que sofreu um tuning, mas de bom gosto!

Modularidade

Esta sempre foi a palavra de ordem do Twingo, e este carro, antes de ser um RS, é um Twingo, e mantém todas as vantagens deste modelo. Em termos de materiais, é o que seria de esperar, muito plástico e ainda mais um bocado de plástico, a nossa unidade, já apresenta cerca de 16mil Kms, mas os ruídos parasitas ainda não apareceram.
A modularidade em si, começa dos bancos da frente para trás, podemos jogar com o tamanho da mala vs espaço para os passageiros e o rebatimento ou mesmo remoção dos bancos traseiros e podemos também usar o Twingo como cama! Uma nota bem positiva para o espaço que se consegue puxando os bancos traseiros para a sua posição mais recuada, é a vantagem de fazer um carro para 4 pessoas exclusivamente, ao invés de meter um lugar para um sofredor, o 5º passageiro.

Os bancos da frente são excelentes, e seguram-nos no sítio tal como se quer num desportivo, aliás estes bancos ajudam a amplificar esta sensação, e a legenda Renault Sport sublinha isso mesmo. O volante tem umas dimensões mais avantajadas do que esperaria, mas não atrapalha em nada, e vem forrado a pele, tal como o comando da caixa de velocidades. Sinceramente a posição de condução precisa de um pouco de habituação, porque de início parece algo elevada, e tira um bocado da sensação de desportividade, mas assim que nos habituamos já nem reparamos neste pormenor. Os pedais são metálicos, e apresentam a posição perfeita.

Os desportivos desta dimensão não eram no passado dos carros mais acolhedores e equipados, este RS até nem está nada mau neste capítulo: Ac Auto, jantes em liga de 17’’ (fazem parte do chassis cup por 250€), ABS, uma série de Air bags, Fecho central com comando e ESP, e mesmo assim estamos nas proximidades dos 1000kgs de peso, nada mau!
Se levarmos em conta que o Saxo Cup e 106GTI andam pelos 950Kgs para 120cv, este Twingo RS com 1050Kgs e 133cv, não se deve portar nada mal, isto é se o chassis tiver à altura…

E a resposta é?

O chassis do Twingo RS cup, não está à altura do que se espera… Está muito para lá das melhores expectativas. Aquilo que dizia na introdução, de que este carro seria um ressuscitar do espírito dos desportivos compactos dos anos 90’, estava acertada, embora seja mais do que isso. É o tipo de carro que mesmo em AE, nós inventamos para o sentir curvar. Naquele troço de serra, ou naquela estradinha que só nós conhecemos, ele faz todo sentido, aliás faz-nos sentir vivos, e percebemos que os 20mil€ que nos pedem por este carro, são um negócio daqueles, é que em termos de carros novos não me lembro de mais nada que dê tanto “gozo por €”!

O 1.6 poderia ter uma resposta mais encorpada, mas mesmo assim e a partir das 4500rpm temos motor, que se estica para lá das 6500rpm, temos um bocado mais do que 2000rpm em que o Twingo dá o seu melhor, com um ronco de admissão a denunciar que este Twingo tem pêlos no peito.
A caixa de cinco velocidades é rápida, mas temos de estar bem inspirados, para não arranhar nas passagens mais rápidas, o Esp é bastante permissivo, mas não permite aquelas atravessadelas típicas dos Gti’s do antigamente, isto é permitir até permite mas não são tão fáceis de obter, mas são muito mais fáceis de segurar, desligando o Esp tudo muda e as derivas de traseira controláveis, são a palavra de ordem. A verdade é que o Twingo é bastante eficaz, permite algumas acrobacias, mas o que ele quer mesmo é ser rápido de A-B.
Os travões são incansáveis, a direcção é leve mas informativa, e permite uma inserção em curva perfeita, é quase que telepática e rápida como poucas.
A verdade é que o carro parece que quer sempre “brincadeira”, não há maneira de o conduzir devagar, assumimos sempre a postura de ataque, porque a direcção, som do motor e a forma como ele curva obrigam a isso, já não sentia este tipo de sensações num Gti de bolso há algum tempo.

A nota não é apenas positiva, é algo que apenas só experimentando se percebe, como a Renault Sport consegue fazer de um Twingo, um carro que não é apenas umas jantes maiores, uns autocolantes, bancos desportivos e acabamentos em imitação de carbono ou alumínio, é um regresso ao apelo da condução sem destino, apenas conduzir por desporto!
A Renault Sport, tem aqui um exercício de mestre, fazer de um Twingo, isto que eu experimentei, é mais um trabalho sobrenatural do que engenharia automóvel!

Veredicto

É um regresso ao passado com as regras de segurança do presente. Pensava eu que nunca mais veria um pequeno desportivo atmosférico de 1.6L, que realmente fosse entusiasmante e envolvente, mas este Twingo deu-me novas esperanças. Se fosse um 1.2 ou 1.4 sobrealimentado, se calhar seria um carro melhor, mas não, assim com este motor “pontudo” é que ele está bem, se querem andar depressa terão de aprender a conduzir e trabalhar o motor para o manter na “zona de tiro”.

Parte do apelo dos Gti dos 90’s estava no preço, e o preço do Twingo nem é tão exagerado quanto isso, se levarmos em linha de conta o preço que se pedia por um 206 1.6 GTI ou Clio 1.6 16v, e este Twingo embora pertença a um segmento inferior, como experiência de condução está anos-luz à frente destes dois.
O melhor elogio que lhe posso fazer é que, dos carros actuais que tenho conduzido, e em termos de condução pura, é o que mais me faz lembrar o Clio Williams que mora lá em casa e é um digno representante da velha escola francesa da arte GTI.

3 comentários:

Paulo M. Conceição disse...

grande maquina, eu comprei recentemente um twingo gt e tou mto satisfeito, gostava mesmod e experimentar um RS mas todos os stands da renault que falei dizem sempre nao ha carros destes em portugal...bla bla, enfim
pode ser que um dia entre num, o teste ta cool sem rede é isso que se pede!

Danilo G. Vaz disse...

Boas Paulo!

Em termos de pequenos desportivo, já tive quase todos da velha guarda, franceses tive todos mesmo!
Este Twingo RS está um carro muito vivo, pelo menos a mim fez-me sentir muito vivo. Aquele tipo de carro que nos faz sair de casa só para conduzir! Se se conseguir perdoar a dureza da suspensão, vale bem a pena os 20mil €!
Nos próximos tempos virão mais novidades do segmento, e alguns uns furos acima;)

Paulo M. Conceição disse...

és de que zona, pode ser que um dia veja essa maquina , eu sou de samora correia, ha uma coisa que me faz pensar, eu sendo mto alto será que esses bancos do RS ficaria mais encaixado, ja que os do GT são bancos normais com uma altura de esponja brutal :S