quinta-feira, 9 de julho de 2009

Teste-Virtual – Renault Mégane 1.5 Dci Dynamique S


Renault Mégane 1.5 Dci Dynamique S – “Barbra Streisand”

O teste de hoje, é mais uma viagem à “memory-lane”. Sim porque eu fui um dos milhões de compradores do Mégane da geração anterior, mais propriamente uma Break 1.5 Dci Dynamique de 85cv. O carro que me confiaram hoje, é um Mégane Berlina de 105cv e “a coisa” adivinha-se pacífica, sendo que nele vejo um daqueles carros competentes, que não são brilhantes em nenhum ponto, mas simplesmente muito bons em vários capítulos, ou seja um carro “redondo”, sem comprometer em nenhuma vertente.

Flasher

O Mégane assume-se como um carro irreverente, com alguns pormenores diferentes que fazem dele um Renault, assumindo o legado da marca sem complexos. Mas o Meg perdeu aquela traseira característica. Estranho estar a reparar neste pormenor, visto ter sido uns do que avançou para a Break, por não conseguir digerir aquela traseira, agora depois deste tempo, confesso que sinto falta dela. O carro já começa a ser uma presença familiar nas estradas portuguesas, à medida que os Méganes antigos vão sendo trocados por este novo, e ao nível da estética foi dado um passo no caminho da sensação/percepção da robustez.

A traseira assume um formato hatchback comum, com uma largura que chama à atenção, depois percebemos que esta largura tem reflexo na capacidade da mala, que se apresenta bastante generosa. A lateral, acrescenta algo mais à sensação de robustez, muita chapa e uma cintura elevada contribuem para esta sensação. De certa forma da geração anterior para esta houve um processo de “tranfere” sendo que a frente assume o salero no design do Mégane III. Tem um olhar algo oriental, com uma grelha/entrada de ar num plano mais abaixo do normal, compartilhando o ar de família com Laguna e Clio restyling.
No geral é um carro engraçado, de aspecto sólido, as jantes de 17’’ ajudam no aspecto algo desportivo desta versão, com as saias laterais a darem um ar mais sério ao animal. Colocando-o lado a lado com a concorrência, este joga na equipa dos bonitos, e ainda sob este prisma é dos mais originais, mas apenas comparando com o resto do segmento, porque para um Mégane e tomando o anterior como referência, esperava mais dele!

Cosy

Este Renault vem muito bem equipado, GPS, xénon direccional e mais uma série de coisinhas boas, mais um tecto panorâmico duplo. É um carro muito acolhedor, com as mais variadas regulações para o condutor encontrar a posição perfeita e uma “feature” muito boa que foi mantida, o encosto de cabeça, que é mesmo bom e apoia mesmo a cabeça coisa que poucos fazem na realidade. Mas novamente reparo que mais um pormenor daqueles que diferenciavam o Még desapareceu, o travão de mão tipo “acelerador de barco”, é pena. O painel é funcional e bastante simples, com um conta-rotações à esquerda e um LCD com a velocidade e um display do CB do lado direito, e pronto temos toda a informação necessária bem à frente dos nossos olhos e de fácil leitura. O espaço atrás é bom desde que haja colaboração dos passageiros da frente, para dois é bom, mas para três já é mais complicado mas isto é normal neste segmento. A capacidade da mala como já referi acima, é uma agradável surpresa, e aqui foi o caminho escolhido da forma/função porque na geração anterior a capacidade da mala era complicada de aceitar. Nota ainda para os vários compartimentos de arrumação incluindo os alçapões debaixo dos pés dos ocupantes dos lugares da frente.
Em termos de interior, nota bastante positiva, bons materiais e montagem, aliás um passo em direcção à referência do segmento, “aquele cujo o nome não se pode pronunciar”. E a eliminação de uma série de botões, através do joystick de controlo. Enfim, o Mégane confirma o que já prometia na geração anterior e mantem-se na Superliga, deixando de lutar pela Liga Europa e passa a estar na luta pela Liga dos Campeões.
Show me the Money!

Em termos dinâmicos o Mégane sempre foi dos carros mais cotados no segmento, e agora com esta nova geração, arrisca-se mesmo senão a ocupar o primeiro lugar a andar lá próximo.
A versão testada, vem equipada com jantes de 17’’, mas o conforto não se ressente em nada, não é um tapete voador, mas mesmo assim filtra a maior parte das irregularidades sem problemas, e tem um bom compromisso, porque quando é para curvar, ele diz sempre presente. A carroçaria apresenta pouco rolamento, a frente vai seguindo os nossos inputs sem grande subviragem. O carro é muito “compacto” a curvar gerando muita aderência, e o ESP sempre vai permitindo algumas correcções em trajectória, mas quando se abusa para além do razoável, lá vem a traseira alegremente a pedir passagem.
Os comandos não apresentam grandes vícios, tudo leve simples e fácil, e a caixa é rápida e precisa e apresenta o mesmo feeling que o Még anterior, com alguma dureza à mistura, isto nas passagens mais rápidas.
Em AE o Mégane 3 filtra a maior parte de depressões e buracos, permitindo um ambiente sereno a bordo, só não é mais porque o motor tem algum ruído de funcionamento, embora o mesmo só se revele no último terço da faixa de utilização. Este 1.5 Dci é algo pontudo, abaixo das 2000rpm recusa-se a trabalhar, e depois deste número já responde com algum vigor e de certa forma surpreende, porque se até ás 2000 é lento, depois mostra a faceta inversa.
Os consumos variam muito e o factor AC pode fazer os valores subirem e muito, com AC desligado, gastamos bem abaixo de 6, com o AC ligado, subimos para perto dos 7L.
Veredicto

Se em 2004 comprei a Mégane sem pestanejar, em 2009 compraria este depois de pensar e repensar mas pelos bons motivos. O carro tem muita qualidade, consegue ser bastante bom e por vezes mesmo brilhante em vários sectores. É um carro de certa forma alegre, não é nada aborrecido de conduzir e transmite mesmo alguma coisa a mais do que um segmento C pacato deveria.
E agora introduzimos a Barbra Streisand na equação…
A geração anterior do Még encantou e chocou muito boa gente, com aquela traseira digamos inspirada, eu era um dos que achava horrível, mas agora ao ver o Mégane actual com uma traseira semelhante a tantos outros parece que perdeu algum charme e tornou-se mais um na multidão. É certo que foi um sacrifício a fazer para se ganhar uma mala consentânea com o que se espera de um familiar, mas ao menos punham na lista de opcionais a traseira Még2. A Barbra Streisand se operasse o nariz, se calhar tornar-se-ia mais apelativa, mas perdia aquele elemento, o factor X que a faz sobressair em relação ás outras, mas não deixaria de ser uma “bela” actriz!

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