domingo, 16 de agosto de 2009

Teste-Virtual – Volvo C30 1.6 DRIVe



Volvo C30 1.6 DRIVe – “Cinturão verde”

O Volvo C30 representa o modelo de acesso segundo a Volvo. Foi um modelo bem acolhido pelo mercado, e é mais um em busca de um lugar ao sol no competitivo segmento dos Coupé-Hatch, e este tem o bónus de ter uma veia revivalista.
Mais importante destas guerras de segmento, é o “kit-ecológico” que veste este modelo, representando as preocupações a nível energético e ambiental visto pelo prisma escandinavo, e este carro para além de ter um comportamento ambiental notável, visto ser maioritariamente reciclável, é fabricado também numa fábrica ecológica alimentada por energias renováveis. Ou seja haverão muito poucos carros mais ecológicos que o C30 DRIVe na verdadeira acepção da palavra, porque este mesmo antes de nascer já o é, enquanto é fabricado também… Só falta saber como ele é no dia-a-dia…

Streamlining

É quase o tratamento que parece ter passado pelo “DRIVe verdadeiro”. As superfícies parecem mais arredondadas, a altura ao solo mais reduzida, mas o verdadeiro artifício, que nos deixa completamente rendidos, são as jantes. Completamente lisas fazendo, lembrar as rodas de contra-relógio nas bicicletas de ciclismo, apenas têm recortadas umas ranhuras para arrefecerem os travões, se fosse possível quase que aposto que seriam completamente lisas, mas como não é, acredito que este seja o layout mais eficiente possível criado pela Volvo.
A carroçaria em si, atrai olhares, mesmo aos mais resistentes, o casamento entre as linhas do V40/S50, com a traseira inspirada no pré-clássico Volvo 480 Coupé/Hatch mas com um revamp, que o traz á contemporaneidade… O tratamento DRIVe, acrescenta-lhe um “aileron natural” mais eficiente, e um extractor cinza alumínio, que conjugado com os outros pormenores incluindo a cor, dão um ar de espectacularidade ao conjunto, um ar de futurismo… Mas sinceramente aquelas jantes, dignas de um protótipo, e para dar um ar de protótipo credível o “verde-lima-pálido” que nas fotos parece duvidoso, ao vivo é lindo…

Classe “Eco”

Normalmente quando me falam num carro ecológico, vem-me sempre à memória, um dos meus primeiros carros, o Vw Lupo 3L TDI. Era um carro sem compromissos, apostava na leveza e no mínimo equipamento possível, oferecendo numa mão os 3L de consumo, mas com a outra retirava tudo o que era equipamento nem uns míseros vidros eléctricos vinham no carro, e o interior era completamente espartano, só se via plástico e mais plástico…
Com isto em mente aproximei-me do C30…
E tudo o que foi dito nos outros ensaios de Volvos, repito, “a volvo faz dos interiores com o maior bom gosto no mercado”, o equipamento da nossa unidade de testes era excelente, desde Tecto de Abrir eléctrico, Sistema de som Premium, Ac Auto, Estofos em Pele, banco do condutor eléctrico e todo o outro equipamento comum num carro do segmento C. Ou seja em termos de interiores este Volvo apresenta-me a “Classe Ecológica” para viajar. Os 4 lugares são reais e utilizáveis, já o mesmo não se pode dizer da mala, é acanhada e a chapeleira não é tão funcional quanto isso.
Mas bolas está-se bem dentro deste carro, de certa forma é como estar numa “sala Boconcept”, tudo é simples e requintado, o design é “relaxante” e leve, uma lição ao nível da ergonomia e facilidade.
O alumínio escovado, conjugado com a pele e os plásticos de tom castanho fazem-nos sentir logo em casa, e a forma como está tudo impecavelmente montado, aumenta a sensação de requinte.
Ou seja para se ser ecológico, não temos de abdicar dos requintes modernos, e podemo-nos mimar com tudo do bom e do melhor, talvez assim se consigam converter mais ecologistas do volante. Apenas um reparo ao ruído do 1.6D que é um pouco alto, mas apenas se tivermos alguma janela aberta, se as mantivermos fechadas, mal se ouve a trabalhar.

Hypermiler…

O segredo nesta nova experiência, de conhecer os carros todos dos vários fabricantes, tem a ver com o prisma pelo qual se avalia um carro.
Ao tomar contacto com este C30, vesti a pele de um Hypermiler, ou seja aquele grupo de automobilistas que tentam tirar o máximo rendimento por litro de combustível. Devo dizer que não me saí lá muito bem.
O motor 1.6D é bastante linear, e não brilha especialmente em nenhum momento da progressão. A caixa de velocidades exige alguma habituação, tem 5 velocidades e o engrenamento apenas começa a ser natural após algumas centenas de kms. A faixa ideal para os consumos será entre as 1500rpm e as 2000, e neste bocado o C30 é silencioso e económico como poucos.
O carro em si tem um amortecimento mais virado para o rijo, a direcção tem um peso excelente, a inserção em curva é feita sem hesitações, e a viagem entre: entrada, trajectória e saída é feita sem correcções e o C30 com os seus Eco-tyres não convida a grandes avarias, ou seja neste carro vamos levar um lição de ecologia e eficiência.

Conclusão

Na primeira lista de viaturas disponíveis para teste da Volvo, estava lá este C30 DRIVe, e sinceramente foi o carro que menos me chamou à atenção. Devo dizer que estou arrependido de não o ter conduzido primeiro. É verdadeiramente espantoso, como a Volvo conseguiu este exercício de engenharia, aerodinâmica e todas as outras facetas rumo ao consumo mínimo. Se o meu espartano e high-tech Lupo 3L fazia os tais 3L, tendo de abdicar de tudo, e usando uma caixa auto horrível, 60cv, start-stop e tudo o resto. Neste C30 os 3.9L/100 são uma marca excelente, isto porque eu consegui os 4.5L/100 com muito AC a baixa temperatura ou seja qualquer um consegue baixar dos 4, isto porque sou péssimo no Hypermiling, e algumas vezes não respeitava a setinha que mandava meter mudança ou reduzir.
A equipa DRIVe challenge vencedora deste mesmo desafio conseguiu uns assombrosos, 2.5L/100 com um C30 DRIVe totalmente de fábrica, tudo bem que houve muita AE na equação, mas mesmo assim, é um resultado digno de nota, e os meus 4.5L de média, aproximam-se muito dos 3.9 anunciados pela marca, que me parecem muito verosímeis.
Hmmm mas é bom saber que a ecologia e economia, conseguem ser representadas por um carro com os argumentos deste C30…
Beleza, bom gosto, materiais excelentes, muito equipamento, enfim um carro que nos preenche todos os requisitos de um bom companheiro diário ecológico e que nos mima mais do que seria de esperar num carro destes.
Na gama Eco da Volvo, este C30 para já apresenta o cinturão verde, ou seja é o mais verde deles todos, sem que isto represente algum extremismo ou ter de abdicar de alguns confortos e luxos… É a forma da Volvo de fazer carros, e claro… Tudo faz sentido!

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